Geral

TEA: o caminho até o diagnóstico 

TEA: o caminho até o diagnóstico 
Assessoria de Imprensa

Unesc possui o CER que realiza atendimentos à população e participa de ações voltadas ao tema.

Para muitas famílias, a jornada em busca do diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) é longa, repleta de desafios e incertezas, mas também de esperança. O o a profissionais especializados e a um e adequado faz toda a diferença no desenvolvimento das crianças. Esse foi o caminho trilhado por Josielen da Silva, mãe de Cecília da Silva Rodrigues, de seis anos de idade, e Francine Busch Nascimento, mãe de Maya Busch Nascimento Saade, de quatro anos de idade.

Neste Dia Mundial da Conscientização do Autismo (2/4), a Unesc reforça a importância de iniciativas que ampliem o o ao diagnóstico precoce, ofereçam e às famílias e promovam a inclusão e qualidade de vida para pessoas com TEA.

  • São Roque

Josielen conta que Cecília teve um desenvolvimento dentro da normalidade até os dois anos de idade. “Depois disso, comecei a perceber retrocesso na fala, muita seletividade alimentar, falta de contato visual e de interação social. Foi quando procurei a pediatra para iniciar uma investigação”, relata.

O processo foi longo: três anos aguardando exames e consultas com especialistas. “O irmão da Cecília por parte de pai também é autista e, conversando com a mãe dele, ela me disse que ele recebeu o diagnóstico no Centro Especializado em Reabilitação (CER) da Unesc. Foi quando entrei em contato para entender como conseguir o atendimento para a Cecília”, explica.

Após uma consulta com um clínico geral na Unidade Básica de Saúde (UBS), a solicitação foi feita e, três meses depois, o CER fez contato. “Foram quase quatro meses de acompanhamento com psicóloga, fonoaudióloga, neurologista e até nutricionista. Depois de três anos e meio ando por tantos profissionais, chegamos ao tão aguardado diagnóstico: autismo nível de e 2”, afirma Josielen. Com o laudo em mãos, a família pôde garantir os direitos de Cecília, incluindo vaga na Associação de Amigos do Autista (AMA) e uma auxiliar na escola.

A história de Francine Busch Nascimento segue um caminho semelhante. A filha, Maya, recebeu o diagnóstico em fevereiro de 2023, após ar pelo CER. “A pediatra do posto de saúde fez o encaminhamento após eu relatar preocupações sobre o desenvolvimento dela aos 18 meses. Maya não falava nenhuma palavra, não brincava de maneira funcional, usava nossas mãos como ferramenta, não apontava e apresentava seletividade alimentar severa, além de andar na ponta dos pés e ter crises de raiva”, explica a mãe.

“Ela começou a ler antes dos dois anos, e com o diagnóstico veio a tranquilidade de saber que havia um caminho a seguir. Atualmente, Maya recebe atendimento na estimulação precoce da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Cocal do Sul e a família busca também um diagnóstico de dupla excepcionalidade, devido à sua fluência precoce na leitura e no inglês.

e fundamental

O e oferecido pelo CER da Unesc foi essencial para muitas famílias, como as de Cecília e Maya. A Instituição conta com uma equipe multiprofissional e oferece atendimento especializado para o fechamento de diagnósticos e acompanhamento do desenvolvimento dos pacientes. Os atendimentos ocorrem nas Clínicas Integradas em Saúde e são agendados via Sistema Nacional de Regulação (Sisreg), por meio das Unidades de Saúde dos municípios.

De acordo com a coordenadora do CER, Tatiane Macarini, o local ou recentemente por reestruturação e prevê ampliação dos atendimentos a partir de junho, incluindo a reabilitação de crianças com TEA nível 1. “Pensando na ampliação da rede de atendimento, a Unesc também finaliza o projeto do curso de graduação em Fonoaudiologia, além de desenvolver um projeto para espaços multissensoriais no campus, voltados ao acolhimento e regulação emocional de estudantes autistas na graduação”, destaca.

Além disso, a Universidade prepara um projeto piloto, por meio do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde), para mapear pessoas com TEA no Município. Atualmente, o CER atende, em média, 90 crianças por mês com suspeita de autismo, das quais 80 recebem o diagnóstico.

Após o diagnóstico, os pacientes são encaminhados para a Rede de Atenção Básica de Saúde e recebem informações sobre entidades que oferecem e contínuo. “Nosso objetivo é garantir mais autonomia, independência e qualidade de vida para essas crianças”, reforça a coordenadora, lembrando ainda que a Universidade conta também com o programa Acolher.

Além da infância: inclusão e e ao longo da vida acadêmica

O impacto de um diagnóstico precoce e do acompanhamento adequado não se restringe à infância. Na Unesc, o e se estende a estudantes autistas no ensino superior, garantindo que eles possam desenvolver seu potencial e trilhar carreiras de sucesso.

É o caso do acadêmico do curso de Ciências Econômicas, Marco Felipe Zanchetta Moreno Guidio Biondo, de 21 anos de idade. Desde pequeno, sua mente inquieta se encantou com a Física Nuclear e a Engenharia Química, mas foi no Ensino Médio que encontrou sua verdadeira paixão: a Economia. Fascinado por análises de mercado e pela dinâmica da Bolsa de Valores, decidiu seguir esse caminho. O brilho nos olhos ao estudar cada conceito fez com que essa escolha se tornasse inevitável, como se o destino já estivesse traçado.

Ao ingressar na Unesc, a conexão com o curso foi imediata. Cada disciplina parecia uma nova peça de um grande quebra-cabeça que ele ansiava completar. No primeiro semestre, encontrou no professor Thiago Fabris um guia que o apresentou à pesquisa acadêmica. Desde então, ele se dedica incansavelmente a descobrir, questionar e aprofundar seu conhecimento.

Mas a Universidade é mais do que apenas teoria e números. Para Marco, é um espaço de crescimento, de encontros que fazem a jornada ser ainda mais especial. “O e da psicopedagoga, da psicóloga e do psiquiatra da Unesc, assim como os atendimentos no Setor de Apoio Multifuncional de Aprendizagem (Sama) e nas clínicas da Instituição, têm sido essenciais. Cada conversa, cada orientação, me ajudou a crescer não apenas como estudante, mas como pessoa”, diz.

O TEA engloba uma série de condições neurológicas caracterizadas por comprometimentos na comunicação, na interação social e pela repetição de padrões de comportamento.

Unesc reforça ações e avanços no atendimento

No último ano, Santa Catarina registrou mais de 459 chamadas de emergência envolvendo pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), todas atendidas com e especializado.  Desse total, 433 foram de atendimento pré-hospitalar. Esse é resultado da parceria entre o grupo de pesquisa em autismo do Laboratório de Pesquisa em Autismo e Neurodesenvolvimento (LAND) da Unesc e o Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC), por meio do protocolo operacional padrão para Atendimento Pré-Hospitalar (APH) voltado a pacientes autistas. A iniciativa visa aprimorar a qualidade e a sensibilidade no atendimento emergencial desse público, ratificando o compromisso da Universidade com a inclusão.

O protocolo, resultado de um trabalho conjunto, é uma resposta à crescente demanda por abordagens de atendimento mais adaptadas e inclusivas para pessoas com TEA. Com base em pesquisas internacionais e na expertise dos profissionais envolvidos, o protocolo visa garantir que cada paciente autista receba cuidados adequados e sensíveis às suas necessidades específicas durante emergências.

Para a reitora Luciane Bisognin Ceretta, essa colaboração inovadora ressalta o compromisso da Unesc com a excelência acadêmica e a responsabilidade social, e também evidencia o papel fundamental de uma Universidade Comunitária na promoção da inclusão e da sensibilidade nas práticas de atendimento em saúde.

“Este projeto exemplifica o que podemos alcançar quando trabalhamos juntos para o bem comum. Continuaremos a buscar oportunidades para criar um ambiente mais inclusivo e acolhedor para todos os membros de nossa sociedade”, fala Luciane.

“O manual resultante desse esforço conjunto abrange diversas áreas de intervenção, incluindo a abordagem da ambulância ao local da ocorrência. Diretrizes como a necessidade de manter a sirene desligada e evitar estímulos sensoriais excessivos foram cuidadosamente incorporadas para garantir um atendimento mais adequado e confortável para pessoas com autismo em situações de emergência”, observa a professora pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS) da Unesc, Cinara Ludvig Gonçalves.

Segundo o tenente-coronel do CBMSC, Henrique Piovezam da Silveira, comandante do 4º Batalhão de Bombeiros Militar de Criciúma e presidente da coordenadoria de Atendimento Pré-Hospitalar (APH) do CBMSC, ao considerar a singularidade das necessidades das pessoas com autismo, é fundamental ressaltar que o APH deve ser sensível, adaptado e inclusivo. “Isso promove a eficácia do protocolo e assegura que cada pessoa com TEA tenha o direito de ser tratada com dignidade e respeito, independentemente de suas características particulares”, comentou ele.

Agora, a equipe tem o objetivo de traduzir o protocolo para uma publicação internacional, visando inspirar e influenciar práticas semelhantes em outros locais ao redor do mundo. “Esse esforço representa um compromisso contínuo com a promoção da inclusão e ibilidade em emergências, além de destacar o papel fundamental da colaboração interinstitucional na melhoria dos serviços de saúde”, finaliza Cinara.

A importância de ter um levantamento específico sobre o TEA

Ter um censo dedicado ao Transtorno do Espectro Autista (TEA) é fundamental para entender a realidade dessa população e implementar políticas públicas mais eficazes e inclusivas. A coleta de dados precisa e abrangente permite uma análise detalhada das necessidades de pessoas com TEA, principalmente nas áreas de saúde, educação e inclusão social. Com essas informações, é possível direcionar melhor os recursos e desenvolver estratégias específicas para promover a qualidade de vida e garantir o direito de participação plena dessas pessoas na sociedade.

A Unesc, em parceria com a Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), deu um o significativo para a ampliação de políticas públicas voltadas ao TEA com a criação de um censo específico. A colaboração resulta no desenvolvimento de um software para a coleta e análise de dados, facilitando o mapeamento da realidade das pessoas com TEA em todo o estado.

O principal objetivo do censo é aprimorar as políticas públicas inclusivas, permitindo que os gestores compreendam com mais precisão os desafios e as necessidades dessa população. Durante o encontro, foram discutidos os critérios de coleta de dados e os desafios que o levantamento busca enfrentar, incluindo diagnóstico, inclusão e necessidades nas áreas de saúde e educação.

Luciane, que também é presidente da Associação Catarinense das Fundações Educacionais (Acafe), ressaltou a importância do projeto, que será o primeiro estudo deste tipo a ser realizado em todos os municípios catarinenses. “O Censo contribuirá para o avanço das políticas públicas inclusivas em nosso estado”, afirma.

Com os dados levantados, espera-se oferecer uma visão mais precisa dessa população, permitindo adequar as iniciativas públicas, garantindo uma infraestrutura mais inclusiva e prevendo o crescimento dessa população ao longo do tempo.

O censo será coordenado pelo Sistema Acafe, que engloba 14 instituições de educação superior em todo o estado. Uma plataforma digital centralizará todos os dados relacionados ao TEA, reunindo informações sobre os perfis das pessoas com autismo, os serviços de saúde e as entidades especializadas em atendimento. Apenas profissionais cadastrados, como aqueles que atuam em serviços públicos ou privados de saúde, entidades especializadas ou escolas, poderão registrar os dados. A previsão é que o processo de registro seja iniciado em outubro, com a coleta dos primeiros dados sobre o TEA em Santa Catarina.

Pesquisas

A Unesc se destaca no desenvolvimento de pesquisas voltadas ao TEA. O Laboratório de Pesquisa em Autismo e Neurodesenvolvimento (LAND) conduz diversos projetos de mestrado e doutorado, estruturados em duas grandes frentes: estudos pré-clínicos e estudos clínicos. Nos estudos pré-clínicos, os pesquisadores investigam novas abordagens terapêuticas experimentais para o TEA.

Na linha clínica e psicossocial, o foco está no impacto do TEA no contexto social e familiar, abordando questões como diagnóstico, inclusão escolar, o aos cuidados e conhecimento parental. Essa linha de pesquisa é essencial para embasar políticas públicas, aprimorar a formação de profissionais e fortalecer estratégias de intervenção precoce. “É uma linha fundamental para políticas públicas, formação de profissionais e estratégias de intervenção precoce. Entendemos que tais projetos têm potencial para gerar dados aplicáveis e podem dialogar com instituições de saúde pública”, salienta Cinara.

Pós-Graduação

Por um lado, a Unesc oferece atendimento especializado a pessoas com TEA, por meio de parcerias e projetos de apoio. Por outro, a Instituição também se dedica à capacitação de profissionais, visando aprimorar o atendimento e a intervenção na área. Em 2024, a Unesc lançou o curso de Pós-Graduação em Especialização em TEA, com o objetivo de elevar a formação teórica e prática de profissionais das áreas da educação, saúde e assistência.

Entre os principais objetivos da iniciativa estão o reconhecimento precoce dos sinais e sintomas característicos do TEA, a qualificação de profissionais para intervenções eficazes com crianças com o transtorno, a compreensão da dinâmica neuropsicomotora do desenvolvimento infantil, além de apresentar metodologias de intervenção baseadas em evidências científicas, contribuindo para a melhoria da qualidade do atendimento e a criação de estratégias mais eficientes e inclusivas.

Topo